sábado, 28 de novembro de 2020

Coletivo de Poetas Espíritas

 

Considerando que a poesia é uma forma de expressão que tem a capacidade de se ajustar aos mais diversos meios de comunicação – escrita, falada ou audiovisual; presencial ou remota, síncrona ou assíncrona – o momento é favorável à sua difusão e divulgação, fato que vem ocorrendo espontaneamente. É também, a poesia, potente estimulador de reações emotivas e reflexivas, tornando-se por essas características um valioso instrumento de cultura e lazer potencialmente consolador e transformador, tanto em questões emocional/psicológicas, quanto existenciais, culturais e espirituais.

Por uma conjugação de fatores – mudança histórica e cultural, inovações tecnológicas, fim da era da imprensa e florescimento das mídias digitais e audiovisuais, isolamento causado pela pandemia, incentivo à interação remota etc. – os poetas têm nas mãos uma rara oportunidade de poetizar a sociedade, disseminando essa maneira tão peculiar de sorver a vida pela perspectiva da transcendência.

Dada a total compatibilidade da doutrina espírita, em seu tríplice aspecto, com momento histórico – proporcionando respostas e perspectivas – a ocasião é particularmente favorável aos poetas espíritas, que, integrando-se a essa onda de expansão poética mundial, podem ser agentes polinizadores da mudança espiritual em curso na sociedade.

Cada espírita poeta, a seu modo, já iniciou esse trabalho, imprimindo ao fazer poético o seu sistema de crenças e a sua visão do ser e da sociedade. Entretanto a oportunidade será tanto melhor aproveitada quanto mais nos organizarmos, juntando forças e articulando ações em múltiplas localidades, com uma perspectiva global que nos una em torno do fazer poético à luz da doutrina espírita.

A questão a ser tratada aqui é o modo mais adequado de nos organizarmos para alcançar maior eficiência na criação e na divulgação da nossa poesia, em consonância com os ideais do espiritismo.

Sobre a proposta de um "coletivo", em contraposição à sugestão de uma associação, nossa proposta é de uma mobilização menos formal, posto que uma associação pode vir a se tornar uma camisa de força ao longo do tempo.

É importante considerar que já existem órgãos/instituições estruturados para cuidar da Arte espírita, tais como os vários Departamentos e Assessorias de Arte no movimento federativo, a Abrarte, as Fundações e Institutos como GAN, Arte e Vida e outros. Sendo a poesia uma Arte, basta que os poetas se articulem e ocupem espaço dentro dessas organizações, em vez de criar outras concorrentes. Desse modo fortalecem-se as estruturas existentes, que, por sua vez, fornecerão suporte e infraestrutura ao trabalho dos poetas.

Por isso, a proposta é de um MOVIMENTO em vez de uma ESTRUTURA.

Estrutura existe para sustentar, estruturar, organizar, fomentar e conservar. Uma estrutura é feita para resistir ao tempo, por isso mesmo tem, necessariamente, certa rigidez, certos ritos e regulamentos. Já um movimento surge, existe e acontece com a finalidade de mover, transformar, revolucionar. Por sua fluidez, um movimento tende a se exaurir, deixando atrás de si uma realidade transformada. Uma estrutura (instituto, departamento, associação, federação) é formal.

Um movimento é informal. Mais do que na estrutura organizacional, um movimento reside nas pessoas. Uma estrutura estabelece metas, políticas e propósitos. Um movimento se estabelece sobre parcerias, afinidade e cumplicidade entre as pessoas.

Isto posto, nossa proposta é que seja dado início a um movimento intitulado

Coletivo dos Poetas Espíritas

Que terá por finalidade:

¾    União de forças entre poetas de todo o Brasil, quiçá o Mundo, para mobilização em prol do fortalecimento e difusão da Poesia, à luz da Doutrina Espírita.

¾    Um movimento inspirador (não precisa ser organizado, mas será necessariamente alinhado) para que cada poeta, ou grupo de poetas espíritas de algum canto do mundo, assuma direcionamentos compatíveis entre si e mantendo alinhamento com a doutrina espírita, a fim de promoverem ações independentes, porém entrelaçadas, visando melhorar a qualidade (literária e doutrinária) da sua poesia, buscando maior alcance em sua divulgação e valorização.

¾    Essa união (informal) beberá numa fonte temática comum (a doutrina espírita e as múltiplas realidades da vida espiritual), de modo que cada poeta ou coletivo local ou regional promova experimentos e buscas formais, com o resultado pretendido de renovar temática e linguagem, a fim de produzir um conjunto de obra que, por suas características formais e temáticas, venha a ser percebido e reconhecido como um sopro renovador na poesia brasileira (quiçá, universal!), a merecer o epíteto de "poesia espírita".

¾    Promover o diálogo da poesia com todas as artes.

Resumo:

Uma organização, associação, federação pode ser permeada e influenciada por um movimento. Então o coletivo atuará, por intermédio dos poetas já inseridos nos respectivos quadros, para manifestar, dentro das organizações já existentes, os conteúdos reflexivos maturados no coletivo livre.

O contágio se dará pelo convívio e pela contribuição criativa desses poetas aos respectivos ambientes associativos.

Como se pode perceber, o Garimpo e o grupo de mensagens Espiritismo & Poesia já estão a fazer esse trabalho, indicando que seu idealizador Glaucio Varella Cardoso teve essa intenção desde o começo.

Tanto no Garimpo quanto no Grupo Espiritismo & Poesia já estão reunidos e congregados poetas de diversas idades, cidades e regiões do País, bem como de variados graus de maturidade formal em seu fazer poético.

Essa convivência tem proporcionado o compartilhamento de informações, a estimulação cruzada, o debate sobre temas e linguagem, bem como tem estimulado os participantes a aumentarem sua produção. Nele a simples convivência já promove autocrítica e estimula o aprimoramento formal.

Cada um dos integrantes, por sua vez, leva essas influências para seus locais de origem, funcionando como agentes polinizadores.

Nossa proposta é que o movimento que já vem acontecendo de modo espontâneo e intuitivo seja feito intencional e organizadamente.

Sugestões de ação prática

¾    Grupos de estudos locais, regionais e nacionais;

¾    Encontros temáticos periódicos;

¾    Central de divulgação;

¾    Concursos de poesia escrita e declamada;

¾    Lives e publicação de antologias;

¾    Central de informação sobre editais de incentivo;

¾    Incentivo às novas gerações – leitores e poetas jovens;

¾    Participação no movimento cultural da sociedade como um todo;

¾    Marcar presença nas redes sociais;

¾    Ações de impacto social – Setembro Amarelo / Inclusão social e cultural etc.

 

UNI-VERSO – Segundo Encontro de Poetas do Garimpo, setembro/2020.

 

Grupo de trabalho do Coletivo

Alberto Centurião Carvalho

Jordan da Cunha Alencar

Luciana de Lima Barreto Mariolani