Considerando que a poesia é
uma forma de expressão que tem a capacidade de se ajustar aos mais diversos
meios de comunicação – escrita, falada ou audiovisual; presencial ou remota,
síncrona ou assíncrona – o momento é favorável à sua difusão e divulgação, fato
que vem ocorrendo espontaneamente. É também, a poesia, potente estimulador de
reações emotivas e reflexivas, tornando-se por essas características um valioso
instrumento de cultura e lazer potencialmente consolador e transformador, tanto
em questões emocional/psicológicas, quanto existenciais, culturais e
espirituais.
Por uma conjugação de fatores
– mudança histórica e cultural, inovações tecnológicas, fim da era da imprensa
e florescimento das mídias digitais e audiovisuais, isolamento causado pela
pandemia, incentivo à interação remota etc. – os poetas têm nas mãos uma rara
oportunidade de poetizar a sociedade, disseminando essa maneira tão peculiar de
sorver a vida pela perspectiva da transcendência.
Dada a total compatibilidade
da doutrina espírita, em seu tríplice aspecto, com momento histórico – proporcionando
respostas e perspectivas – a ocasião é particularmente favorável aos poetas
espíritas, que, integrando-se a essa onda de expansão poética mundial, podem
ser agentes polinizadores da mudança espiritual em curso na sociedade.
Cada espírita poeta, a seu
modo, já iniciou esse trabalho, imprimindo ao fazer poético o seu sistema de
crenças e a sua visão do ser e da sociedade. Entretanto a oportunidade será
tanto melhor aproveitada quanto mais nos organizarmos, juntando forças e
articulando ações em múltiplas localidades, com uma perspectiva global que nos
una em torno do fazer poético à luz da doutrina espírita.
A questão a ser tratada aqui
é o modo mais adequado de nos organizarmos para alcançar maior eficiência na
criação e na divulgação da nossa poesia, em consonância com os ideais do
espiritismo.
Sobre a proposta de um
"coletivo", em contraposição à sugestão de uma associação, nossa
proposta é de uma mobilização menos formal, posto que uma associação pode vir a
se tornar uma camisa de força ao longo do tempo.
É importante considerar que
já existem órgãos/instituições estruturados para cuidar da Arte espírita, tais
como os vários Departamentos e Assessorias de Arte no movimento federativo, a
Abrarte, as Fundações e Institutos como GAN,
Arte e Vida e outros. Sendo a poesia
uma Arte, basta que os poetas se articulem e ocupem espaço dentro dessas
organizações, em vez de criar outras concorrentes. Desse modo fortalecem-se as
estruturas existentes, que, por sua vez, fornecerão suporte e infraestrutura ao
trabalho dos poetas.
Por isso, a proposta é de um MOVIMENTO em vez de uma ESTRUTURA.
Estrutura existe para
sustentar, estruturar, organizar, fomentar e conservar. Uma estrutura é feita
para resistir ao tempo, por isso mesmo tem, necessariamente, certa rigidez,
certos ritos e regulamentos. Já um movimento surge, existe e acontece com a
finalidade de mover, transformar, revolucionar. Por sua fluidez, um movimento
tende a se exaurir, deixando atrás de si uma realidade transformada. Uma
estrutura (instituto, departamento, associação, federação) é formal.
Um movimento é informal. Mais
do que na estrutura organizacional, um movimento reside nas pessoas. Uma
estrutura estabelece metas, políticas e propósitos. Um movimento se estabelece
sobre parcerias, afinidade e cumplicidade entre as pessoas.
Isto posto, nossa proposta é
que seja dado início a um movimento
intitulado
Coletivo dos Poetas Espíritas
Que terá por finalidade:
¾ União de forças entre poetas de todo o Brasil, quiçá o
Mundo, para mobilização em prol do fortalecimento e difusão da Poesia, à luz
da Doutrina Espírita.
¾ Um movimento inspirador (não precisa ser organizado,
mas será necessariamente alinhado) para que cada poeta, ou grupo de poetas
espíritas de algum canto do mundo, assuma direcionamentos compatíveis entre si
e mantendo alinhamento com a doutrina espírita, a fim de promoverem ações
independentes, porém entrelaçadas, visando melhorar a qualidade (literária e
doutrinária) da sua poesia, buscando maior alcance em sua divulgação e
valorização.
¾ Essa união (informal) beberá numa fonte temática comum
(a doutrina espírita e as múltiplas realidades da vida espiritual), de modo que
cada poeta ou coletivo local ou regional promova experimentos e buscas formais,
com o resultado pretendido de renovar temática e linguagem, a fim de produzir
um conjunto de obra que, por suas características formais e temáticas, venha a
ser percebido e reconhecido como um sopro renovador na poesia brasileira
(quiçá, universal!), a merecer o epíteto de "poesia espírita".
¾ Promover o diálogo da poesia com todas as artes.
Resumo:
Uma organização, associação,
federação pode ser permeada e influenciada por um movimento. Então o
coletivo atuará, por intermédio dos poetas já inseridos nos respectivos
quadros, para manifestar, dentro das organizações já existentes, os conteúdos
reflexivos maturados no coletivo livre.
O contágio se dará pelo
convívio e pela contribuição criativa desses poetas aos respectivos ambientes
associativos.
Como se pode perceber, o Garimpo
e o grupo de mensagens Espiritismo & Poesia já estão a fazer
esse trabalho, indicando que seu idealizador Glaucio Varella Cardoso teve essa intenção desde o começo.
Tanto no Garimpo quanto no Grupo Espiritismo & Poesia já estão
reunidos e congregados poetas de diversas idades, cidades e regiões do País,
bem como de variados graus de maturidade formal em seu fazer poético.
Essa convivência tem
proporcionado o compartilhamento de informações, a estimulação cruzada, o debate
sobre temas e linguagem, bem como tem estimulado os participantes a aumentarem
sua produção. Nele a simples convivência já promove autocrítica e estimula o aprimoramento
formal.
Cada um dos integrantes, por
sua vez, leva essas influências para seus locais de origem, funcionando como
agentes polinizadores.
Nossa proposta é que o movimento que já vem
acontecendo de modo espontâneo e intuitivo seja feito intencional e
organizadamente.
Sugestões de ação prática
¾ Grupos de estudos locais, regionais e nacionais;
¾ Encontros temáticos periódicos;
¾ Central de divulgação;
¾ Concursos de poesia escrita e declamada;
¾ Lives e publicação de antologias;
¾ Central de informação sobre editais de incentivo;
¾ Incentivo às novas gerações – leitores e poetas jovens;
¾ Participação no movimento cultural da sociedade como
um todo;
¾ Marcar presença nas redes sociais;
¾ Ações de impacto social – Setembro Amarelo / Inclusão
social e cultural etc.
UNI-VERSO – Segundo Encontro de Poetas do Garimpo, setembro/2020.
Grupo
de trabalho do Coletivo
Alberto Centurião Carvalho
Jordan da Cunha Alencar
Luciana de Lima Barreto
Mariolani