Ei-lo, o doente que se desengana...
A úlcera enorme baba gosma escura;
O esqueleto senil se descostura
Ao bote da gangrena soberana.
Linfa, sangue e suor em papa insana,
Na fusão miasmática sem cura,
Por sânie e fel no ventre da
amargura
Cospem a podridão da casca humana.
Última convulsão que desgoverna.
A morte chega brusca, horrenda e
terna...
Corre na goela hirta fino gume.
A alma ditosa nasce noutro nível.
É o parto novo... E a vida
imperecível
Desabrocha qual lírio
sobre o estrume.
Augusto dos Anjos
Médium: Waldo Vieira
Antologia dos Imortais
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