sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Evoluir



A meu pai, Fortunato Aranha
Morrer! ver se findar nas lutas de um momento
Toda uma vida, toda! em plena mocidade;
Em sânie se abismar, por toda a eternidade,
O que há de belo e puro em nosso pensamento;

Ver-se ao lado do alarve – o vulto do talento;
Ao lado da virtude – os vícios e a maldade,
E ter, eternamente, a pobre humanidade
A vala por descanso, em negro esquecimento;

Não! A campa não é o termo da jornada.
A morte não conduz a alma para o nada...
É o começar da vida onde a existência finda.

Nos grilhões da matéria a alma se não prende,
Na vastidão sem fim dos mundos, ela ascende
A nascer, a morrer e a renascer ainda.
                            V. Hugo ARANHA
                            Natal, agosto 1905
In: Reformador, 01 dez. 1905

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