Passei
na Terra, de ânimo referto
De
vãos desejos, a tecer amores.
De
uns e de outros colhi só dissabores,
E
tinha n’alma apenas um deserto.
Do
Amor tão longe, e das paixões tão perto,
Do
desespero aos braços e das dores,
A
mim dizia: “Elmano, se não fores
Amigo
de ti mesmo, o Averno é certo!”
Como,
porém, buscar em negro mundo
Essa
luz, para achar a mim, perdido
Nas
trevas de mim mesmo, no “eu” imundo?
Ouvi,
então: “Apura teu sentido,
E
acharás, em ti próprio, no ‘eu’ profundo,
O
que deveras ser – e não tens sido!”
Bocage
Médium: Porto Carreiro
Neto
11/02/47
Publicado
no Reformador de dezembro de 47
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